Roberto D´arte é um cinéfilo: um amante e conhecedor do Cinema e da Filosofia, sem estabelecer hierarquia ou preferências entre tais áreas, uma vez que ambas, respeitando as suas especificidades, funcionam para ele como instrumentos eficazes para pensar e entender o mundo, o outro e a si mesmo. Betto, como é chamado pelos amigos, é possuidor de uma personalidade inquieta e que nutre imenso amor por todos os aspectos da vida. Por isso, o jogo de ambivalência exposto no título do livro não poderia ser mais feliz. Além da leitura leve, agradável e dinâmica, Betto consegue integrar em seus textos as suas áreas de atuação profissional: a Filosofia, a Educação e o Jornalismo. Como leitor-observador perspicaz da arte e da realidade, ao analisar filmes contemporâneos, dialoga também com o pensamento filosófico de várias épocas, mostrando que, independentemente dos contextos históricos, há na história do Homem fortes lastros que nos unem, configurando uma condição humana. Não por acaso a maioria das crônicas deste livro aborda questões filosóficas e universais: o amor, a morte, o poder, a infância, a memória, a velhice, Deus e a própria arte. O livro já valeria a sua leitura por oferecer ao leitor uma excelente antologia comentada de filmes que precisam ser sempre vistos e revistos, mesmo não sendo esta a intenção de CINÉFILO. Mas o olhar atento, armado e maduro de Betto sobre a realidade faz com que o conteúdo extrapole, em muitos aspectos, esta função utilitária de ser um conjunto de textos críticos sobre Cinema.