«A ilha de Santa Catarina surgia como um desejo de vento na vida de Diane. Uma relojoaria nova do tempo vinha se impondo em sua vida: brincalhona e arrepiante como o vento vindo de um sul do mundo que ela pouco conhecia. Esse vento roçava um infinito de redemoinhos em seu passado, como se a cronologia dos fatos de sua vida estivesse misteriosamente em expansão. A verdade é que ela sabia tanto sobre suas raízes como sabia desse vento, quase nada. Mais do que rascunho, memória é reconstrução constante e tudo colidia, esbarrava-se no pouco que sua mãe revelara de seu pai, ao longo de sua vida. Viriam outras serendipidades, Diane sabia: ela não as deixaria escapar, alerta como boa documentarista que se pretendia.»
Até 1782, nos castelos à beira do lago Léman, entre a França e a Suíça, cerca de 5 mil mulheres foram julgadas e condenadas por bruxaria. A grande maioria, após torturas e sofrimentos, levada à fogueira. Em plena filmagem de seu primeiro documentário — As bruxas do lago Léman — a jovem cineasta parisiense Diane recebe a notícia que seu pai biológico (que ela pouco conhecera) foi encontrado morto, em circunstâncias estranhas, na ilha de Santa Catarina, também conhecida como ilha das bruxas. Guiada por impressionantes coincidências e “serendipidades”, Diane mergulha de corpo e alma numa jornada em busca de seu passado, da verdade sobre a morte de seu pai, e de um laço que una destino, poesia, arte e bruxaria.
«Variação sobre o tema da sedução, convite à viagem e ao desejo de vento. Promessa de todos os imaginários que constrói pontes entre realidade e ficção para tão logo as destruir. Mosaico entre intenções e demônios sem bússolas. Uma leitura que é, antes de tudo, um prazer singular.» — Pierre-François Sculati